caminhoestranho
estranhocaminha
porondeentramsonhos
Há uma longa estrada
Entre concreto e mata assassinada
Mata a fome com um prato de quase nada
Pra não desmaiar na entrada
Aqui, na terra ainda quadrada
Existem pessoas e despessoas
A serem, ainda diagnosticadas
O mundo engole cada lágrima
Receita o alimento da jovem guarda
Anti depressivo pra não aparecer a cara
Anti histamínico pra esconder o nojo
Ritalina pra agir que nem gente
Rivotril pra dormir que nem a gente
Aqui morreu a alma e não tem clamor a nao ser a praga
Porque só pode renascer
Quando deixa de ser um ser
Humano vibra com o desumano
Só pra tentar perceber
Que o plano era tão estranho
Quanto a ganância poderia ser
17/3/16
Felipe Mendes
"bRAZIL"
Cutuque suas feridas
Sinta
Não pense que sua vida
É só sua ou infinita
Minha querida,
Amo tanto o que ela grita
Quando o pranto não agita
A vontade de acalmar
Minhas mão são somente minhas
E ninguém consegue mais me ver
Sou um fastasma de um ego
Que se perdeu da essência ao nascer
E vou seguindo
Porque sorrindo
I know all paths may have a reason
Why
Trai
A própria votade de viver
Sem querer desmerecer,
Não sou nada que queria ser
E vai saber por que
Sabe que não sabe o que saber
E confortavelmente mente
Porque não vive só por viver
Mas vive pela razão, recentemente
"DEUS1"
Felipe Mendes
6/3/16
Olhei pra tudo
Com olhos novos
Memórias fora de foco
Voltam dos mortos
Dez e três e a noite é de vocês
E debaixo do velho toque à três,
Morreu quem dizia que era assim
Morto desde o dia
Em que nasceu
Criado pra ser seu.
Antes tarde do que pra sempre
Nunca passou pela mente
De alguém ,assim, carente
Da vida ou de alguma alma viva
Remanescente
Do caos
Que corre atrás do agente do qual fala mal
Que tal
Ao menos
Não amar tanto
Tudo desigual
Quero sair do inferno astral
Mas o astro é o inferno e o inferno é seu próprio aval
"LUZVERMELHA"
12/2/15
Felipe Mendes
Novos
Forma-
To
Conta-
To
Com
Lados
Di-
dáticos
Encarcerado
No meio do mato
Entre dois ou mais,
Mas era um rato,
Agora comanda o trato
Que vão dar em você
Ante-
Nado
Longe
Daqui
Não
Sei
Como nunca
Vi
Meu
Amor
Com se-
De si
Almirante brada alto, é grande
Banda de quem admira a estante
E é, da vida, gestante
Do que vai e nunca vem
Alma
De um
Tão delicado bem
Abafa-
Da
Entra-
Da, porta de mim
As-
Sim
Só pode dizer
Não,
Não
Porém,
Talvez,
Se ambos os reis
Decidissem por uma forca mais uma vez
"Forca"
felipe mendes
9 5 16
Olhei pela janela pela primeira vez em anos.
Vi, de acordo com a minha verdade, a indiferença
do mundo sobre corpos em humanos.
Vi por olhos as palavras gritadas ao nada
de toda e cada pessoa.
Senti a indiferença do mundo quanto a dor
de um mísero ser humano.
Cheguei perto de uma conclusão sobre o que
sou, sobre o que serei, sobre o que fui.
Sobre humano de quem apenas flui.
"sobrehumano"
felipe mendes
01 07 16
Um nas costas,
Uns nas pernas,
Pra viela
Ser deles e não dela.
Rende, se rende, faria render a noite. Tente o ventre,
se reinvente, veja o futuro a frente. Seja diferente.
Seja diferente. Seja o indiferente. Seja o que segue
sempre em frente, na minha, na sua, em todo frente.
Tudo irá mudar, tudo irá mudar, tudo tende a se conciliar
com o tempo que não para pra fumar, como todo humano
que tem um par de olhos pra chorar, segue sendo, desencantando
quem se atreve a se apaixonar.
Preciso mudar.
Preciso o mudar que é meu e todo meu,
Cem tentativas de não ser o mesmo e de não se enclausurar
do mundo todo como um bicho de setecentas pernas me
chutando sem parar, com tudo que há no mundo em seu
olhar, bicho do tempo, bicho do meu tempo, bicho do
que tento, medo, na verdade, nessa idade, medo já
tem nome, o pânico que tomava conta dos arredores
do meu quarto pra ninguém entrar agora assusta ela,
em seu devido lugar, como papel, o dele, foi designar, sua
tarefa de me afastar, de todas as regras. De como se olhar,
de como amar, de como é triste ser filho da elite e não
ter colo pra chorar. O desabafo suícida do filho da padecida
liberdade, filho da antiga mocidade, filhos do medo e da
maldade que entram na gente e dizem ser ansiedade.
Tenho medo de machucar esse ser do meu lado. Com
olhos vidrados nesses machucados, velhos, de tentar.
A certeza de se entrar, num plano ainda fora de lugar.
Sem plano,
Com um pedaço de um tanto,
Pra te entrelaçar,
Num tanto de luas, uma, ainda a ser circular.
Volto sozinho com frio, pro lar do dono de tudo o que há.
Deus não sorri, mas sei aonde está .
felipe mendes
12 06 16
"Mar De Nada(r)"
Não faz mais sentido,
correr dos cinco ou mais sentidos,
fugir do medo de se ver vivo,
entre escolhas
e destino,
meu caminho preferido.
Sobe ladeira, não deixa a fé,
tem fé na ladeira, fé no caminho, fé no que quer,
no que escolhe e no que não quer,
quer ser alguém,
ninguém,
entende o que é e o que nao é,
e repete seu mantra, repete a vida inteira no rapé,
na rapa do lado do meu pé,
acena,
à cena,
e ao que deus quiser.
Meu menino de fé.
Meu primeiro anti-nome a ser deferido,
pelas notas desse hino,
Meu primeiro momento em pé,
destemido,
Meu segundo movimento repete
tudo o que já foi dito,
Meu segundo,
segundo eu partilho,
segundo evangelho de qualquer um dos meus amigos,
vimos chegando visitantes de outros planetas e trincos,
batendo,
rangendo,
dentes e mentes
e quentes
eram as noites sem fé no destino,
sem fé eu não me viro,
meus olhos me irritam,
a água nunca vira vinho,
e, à tarde,
à parte,
restam eu e o que curto,
do tempo curto
do meu rastilho.
"Rastilho"
27/10/16
Felipe Mendes
Decisão de última hora
de hora em hora
repetindo o velho momento de agora.
Amanhã é dia de pegar a vida pelos chifres da vitória,
o amanha é minha velha história.
E se o dia que te agita
e se a memória é dessa aurora,
Jogue a verdade como jogo de história
saiba do mundo e de todas as voltas,
Jogue esse jogo que de volta é porrada,
entre na briga engolindo a derrota.
E se o mundo dá voltas,
e se o mundo dá voltas,
me entrego de braços abertos à simplória
calmaria dessa explosão da verdade de dentro pra fora.
E se a vida é quem rege e nunca é regida,
qual de nós seria a melhor das saídas,
O que merece mais tanta despedida,
além da própria vida,
além de se ver viva
veia pulsante,
daqui do meu quarto ao topo do mundo, menino novo espantando com
dinheiro mal lavado,
da zona sul do meu destino,
Leblon,
água de peixe frio,
Leblon,
aquário de vidro fino,
Selo amarelo, papel de seda, vinho fino,
lar desempedido,
via sacra, escolha da nata
incardido vestido de lata,
Cruzada do lado da arma,
mão no peito, mão fortemente armada,
tiro de amor
me tirou da mata,
bicho preso, solto, perdido se acha,
fumando haxixe na escada,
Shopping da minha juventude intácta,
pobre geração,
que não enxerga a própria cara,
se nega a ver que a passada é larga,
que o largo não tem mais passeata
quem vê mas só corre atrás da própria laia,
minha cidade torta,
bala perdida se perde, dá voltas,
se encontra no peito da pátria amada,
do Brasil e sua fáuna.
"Dois Mil e Dezesseis"
felipe mendes
03 11 16
Um movimento pra frente,
finalmente.
Um dos dois momentos que me empurram pro frente,
que quer ser gerente,
que bate em mulher, nos filhos e até em quem não é parente,
me joga pro frente,
pra frente do jogo,
tão rapido, eu morro
mais rápido, eu mordo
sou o bicho da sua seda, seu anjo,
meu deus, o oposto e o santo,
Se quiser posso ser seu pranto.
Posso fingir que a vida inteira faz sentido,
em sentido sempre claro,
nunca com nada entalado,
sem nada pra cuspir,
pronto pra engolir
toda e qualquer coisa que te chamar por ai,
morde mas não esquece que o sentido é sempre o conotativo,
que o literal perdeu as vozes e o ritmo,
Toda e qualquer coisa que houver nesse mundo ideal,
bota pra fora,
bola em jogo, olho no olho,
uma, não duas histórias,
a verdade machuca minha escória,
meu lado de lá,
de cá,
de onde vier pra vir e ficar,
Vem pro lado do que abro por dentro quando enfrento esse olhar,
volta pra lá, onde tudo é intenso, se sente no centro e não tenta falar,
Volta à vida,
em uns dias,
já não estará lá,
num estalar de olhos no chão ,
no pico do êxtase de todos se olhando de frente pra esse mar,
meu eixo,
inteiro,
fora,
dentro,
envolta,
de volta à forma,
à história,
à retórica,
à mil novecentos-e-não-sei-que-lá.
felipe mendes
"mil novecentos-e-não-sei-que-lá"
06 / 11 / 16
Sempre quis saber
como seria ser sem te ver,
como seria tentar desprender.
Compreender.
Compreender foi a chave pra te conhecer,
tentar entender,
entrar pra valer,
mas não pensei ter que esquecer.
Nunca esquecer,
As ondas vêm pra te ensinar a aprender,
te sacudir, não te entreter
com o brilho do teu ser,
E seja, por favor, o que der pra ser que seja
e veja, sem mais dor, o viveu, só porque,
Só porque tentei não ser.
Pela vontade, pela idade e pela falta
pela fala
de quem não tem palavra,
pela falha,
me atua, me vive, me traga,
Me nada,
me nada,
Seu tudo,
seu mostruário,
Nosso mundo queima porque é feito de palha,
Nossa vida foi breve, atuante na falha,
E brevemente faz-me,
sente
Dor e amor não atrapalham,
Não são iguais, não são um marco,
parte do todo inesperado,
ainda a ser incorporado,
à ligações com a mente, o corpo, ficou de lado,
Máquina e nós somos um, não dois, nem quatro,
Num mundo já não tão pixelado,
ainda presos ao menor dos quadrados.
felipe mendes
"A Falta"
14 / 11 / 16
Pra onde foi o mundo?
Todo mundo,
nosso escuro,
ninho de absurdos,
me pergunto, não é susto,
mas pra onde foi aquilo tudo?
Somos jovens,
sem compromisso, sem ultraje
sem maldade na vontade,
o impulso é puro, não pulso,
é constante e ainda move o mundo.
Era vida,
era concreto,
consistente
Era a porta de entrada,
uma casa com um teto
uma vítima,
isso é certo,
um carrasco,
por ser ético,
um desastre estético,
velho,
estéril,
estéreo,
era som desses alvéolos,
bate, pulsa,
fim de frase,
advérbio.
Era tudo o que não poderia ser,
era errado,
era o contrário
Era de não poder prender
E quem um dia poderia dizer,
que somos dispostos,
a desentender,
a não florecer,
a ver um dia nascendo já disposto a morrer.
"Postos"
felipe mendes
20 / 11 / 16
Abe-
surdo
Abre
o mundo
doutro lado
desse escuro.
O sentimento de impotência frente ao mundo,
quando vejo,
a importância
perde o rumo
Com quem vende a alma caro só pra não viver surdo,
mudo,
em absurdo,
Compactuando com o giro mais impuro
já vivido pelo bando,
chuto,
erro,
acerto
mas não sou, não tanto,
choro fora desse encanto,
brasileiro ou só brasiliando.
Nem pra trás, nem pra frente,
acima de quem sente que não sente
e imagina vencendo a briga com a mente,
desistente,
desidente,
interessante, inteiro, inteiramente
quentes,
éramos verão dentro do ventre
do inverno ou só, somente.
Beleza da vida em refrão,
Que se repita!
Que toda a rua seja percorrida,
pervertida,
ladeiras queridas,
caminhos de nossas vidas.
Éramos o encontro do exato com a medida,
chegando perto dessa esquina,
Era você, e eu, você era, ou seríamos vítimas,
do acaso do ser-sem-vida,
A dúvida andando pela avenida,
nua,
déspota,
tida como
esclarecida.
felipe mendes
"Déspota"
29 / 11 / 16
A-pós-ápice,
mártires
prega-olhos era toda essa verdade,
entre dias,
tardes, noites o doentio cheiro de
Traça num tardio,
ardido
córrego,
inimigo da desigualdade,
Pródigo,
como quem anuncia a que achou igualdade.
Diferença, beleza
enraizando começo da idade,
arranhando um azul de cidade
no ventre,
em parte,
me vendem,
te trazem,
Poupando tempo, guardando saudades,
tateando por fora toda a liberdade
O que vem do libido, liberando o surtido
efeito de feitos ainda mais cínicos
após a guerra,
dentro da fera,
viria o passo, pacifista, um amigo
saudades, mais límpidos
a história, A Era,
além do que pensa, após a matéria
Minha alcateia.
felipe mendes
05 12 16
"Alcateia"
Quanto conforto você suporta?
Quanto de si mesmo nos outros não te incomoda mais?
Quanto vale se esconder do frio?
Me diz como esse amor pode não ser demais.
Por quantos dias mais a solidão pra você não importa?
Quantos dos outros correm, enquanto você se deixa apaixonar por quem vai?
Quantos anjos te fizeram ficar sozinho?
Me diz como tudo ideal não parece com paz,
E mostra o focinho,
Quando se joga a verdade pra trás…
Me diz que isso tudo é paz…
Pra que a gente não viva indistinto
De todos que brincam de mães e pais.
“pais e mães”
felipe mendes
2 / 6 / 17